No meu 11º ano, lembro-me de ter sido convidado para a viagem de finalistas…
Antigamente a viagem era feita no 11º ano, dado que o 12º ano não era obrigatório, e os alunos que o frequentavam recebiam o pomposo nome de “pré universitários”…
Os meus amigos estudantes foram até Benidorm…
Eu não fui por duas razões…
A primeira porque a viagem não era propriamente barata, e a segunda porque com esse dinheiro podia ir 2 semanas de férias para a Nazaré…
Nazaré que se mantém até hoje como o meu destino de sonho…
Quando chegaram da viagem, os meus amigos contaram histórias incríveis…
Que tinham dado uns beijos…
Que Benidorm tinha pouca areia…
Que havia muito estudante vindo de todos os pontos do país…
Que tinham conhecido umas miúdas engraçadas…
E como sabiam que eu gostava de carros, trouxeram-me umas revistas espanholas…
Ainda por essa altura e como eu gostava de Basquetebol, um deles trouxe-me uma serie de revistas espanholas chamadas “Gigantes del Basket“…
Foi através dessas revistas que fiquei a conhecer nomes como Fernando Martin… Juan Antonio Corbalan… San Epifanio… Fernando Romay… Andres Jimenez e tantos outros que fizeram parte da primeira “Generation d´oro” do Basket espanhol, comandados por um homem extraordinário chamado Antonio Diaz Miguel…
Não ouvi ninguém se referir a qualquer estrago na unidade hoteleira onde ficaram…
Outros tempos…
Agora pelo que sei, Benidorm não aceita viagens de finalistas onde entrem estudantes portugueses…
Em Torremolinos foram expulsos do hotel, cerca de 1000 estudantes por mau comportamento…
Há 30 anos atrás uma viagem de finalistas, destinava-se a uma salutar forma de convívio…
Hoje e pelo que foi relatado, destina-se a uma espécie de concurso de destruição, regado com todo o tipo de álcool…
O convívio deu lugar ao coma alcoólico…
A pacatez deu lugar à destruição…
Há uns anos um miúdo morreu depois de ter saltado de uma varanda do hotel para a piscina…
Alguns ficaram logo na fronteira de Badajoz, por levarem drogas em grandes quantidades…
Os que conseguiram chegar a Torremolinos, deixaram um rasto de destruição…
Uma imagem terrivelmente negativa…
No entanto e para Mãe de um deles, ainda por cima vice-presidente de uma associação qualquer, o que o filho fez é perfeitamente legítimo…
Dizia a senhora:
“O meu filho apenas disse que apareciam umas mesas de cabeceira no elevador”
“Se quisesse que ele estivesse quieto mandava-o para um Hotel em Fátima”…
“Até nós os adultos quando vamos jantar fora, bebemos um bocadinho a mais”…
Vou tentar traduzir isto:
Um aluno destruir parcialmente um quarto, arrastando mesas de cabeceira para um elevador é normal…
Uma cómoda só não vai porque não entra na porta…
Os burgessos que vão a Fátima, não se sabem divertir…
Mandem para lá uma turma de finalistas e até os 3 pastorinhos desaparecem…
Qualquer jantar de adultos que não meta uma valente bebedeira, não é jantar nem é nada…
Esta é por muitos considerada a “Geração mais preparada”…
Uma geração que se arroga no direito de destruir um hotel em 6 dias, parece-me que a única preparação que tem, será para fazer filmes com o Steven Seagal, ou com o Chuck Norris…
Não lhe encontro outra utilidade…
Tenho uma filha que em breve fará a sua viagem de finalistas…
Começo a recear que a mesma seja a Vladivostok e com o acompanhamento da tropa de elite da FSB…
É que com a fama que os nossos estudantes deixam em estâncias balneares do sul de Espanha, receio que as mesmas a breve trecho proíbam a vinda de estudantes Portugueses…
Nessa altura pode ser que a Senhora da Confap, tenha noção do absurdo que disse, ao legitimar a destruição como um modo de divertimento…
Nessa altura aconselho-a a levar o filho a um retiro a Fátima…
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