Faz amanhã 27 anos que o Muro de Berlim caiu.
No dia 9 de Novembro de 1989, depois de uma conferência de imprensa dada pelo porta voz do SED, o muro que simbolizou a Guerra Fria durante 28 anos, foi destruído.
Hoje, dia em que nos Estados Unidos se realizam as eleições presidenciais mais renhidas de sempre, e onde um candidato se propõe fazer um muro na fronteira com o México, o Muro de Berlim volta a ser relembrado.
Após a segunda guerra mundial, a Alemanha foi dividida em 5 partes.
Uma para cada potência vencedora, e outra a leste da fronteira delimitada pelos rios Oder e Neisse que foi entregue à Polónia.
Esta integrava vários estados Alemães como a Prússia e a Silésia.
Cada potência vencedora administrou uma parte do restante, a oeste dessa fronteira.
Estaline é o primeiro a sugerir uma reunificação das partes administradas, impondo no entanto uma condição.
A nova Alemanha tinha que aderir ao comunismo.
Como as outras três partes não concordaram, a União Soviética nomeia um governo interino para a parte por si administrada, sob o comando de um comunista Alemão chamado Walter Ulbricht.
Nasceu assim a DDR, ou Republica Democrática Alemã em Outubro de 1949.
No entanto havia um problema.
Berlim também tinha sido dividida em quatro partes.
Entre 1949 e 1961, ano em que o muro foi construído, fugiram da Alemanha Oriental através dos postos fronteiriços de Berlim cerca de três milhões de pessoas, o que levou o governo a decidir construir uma barreira impeditiva dessa fuga.
A 10 de Agosto de 1961, os berlinenses são surpreendidos por um jovem militar da Stasi, a pintar uma linha branca na fronteira entre as duas partes da cidade.
Esse jovem chamava-se Hagen Koch, e tinha noções de topografia que lhe permitiram estabelecer a linha da divisão dessas partes.
Na noite de 12 para 13 de Agosto daquele ano, o muro nascia.
Primeiro sob a forma de arame farpado e posteriormente através do muro propriamente dito, e que tinha uma altura média de 3, 50 metros, ao longo de mais de 150 quilómetros foi edificado de forma a fechar a parte ocidental da cidade, a qual ficou completamente sitiada.
Um enclave dentro da RDA.
Com a saída de Ulbricht em 1972, o novo Secretário Geral do SED, Erich Honecker aproxima-se da RFA, mantendo-se no entanto irredutível acerca da destruição do muro de Berlim.
Aliás o termo muro nunca foi utilizado pela “Nomenklatura” do SED, sendo normalmente referido como barreira anti-fascista ou fronteira de Berlim.
Com a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder na URSS, e com as politicas da “Perestroika” e da “Glasnost”, a RDA começa a claudicar.
Efectivamente a RDA dependia da URSS de uma forma quase total a nível económico.
A recusa de Honecker em aplicar reformas no país, através de uma Perestroika à moda do SED, leva o governo Soviético a recusar emprestar-lhe mais dinheiro.
A titulo de exemplo, Honecker apelidava a reforma soviética de “Katastroika”.
Em Outubro de 1989, e já depois das comemorações do quadragésimo aniversário da fundação da RDA, Erich Honecker é afastado do poder, juntamente com outros membros do Politburo do SED, entre os quais o seu ministro das finanças Gunter Mittag.
Sobe ao poder uma nova geração de políticos liderados por Egon Krenz.
A URSS tenta eleger Hans Modrow, um comunista adepto de reformas, mas os membros da linha dura do SED, elegem Krenz.
O novo líder tenta estancar a saída de alemães de leste através da fronteira Austro-Hungara, concedendo vistos para saírem através da fronteira de Berlim.
O muro de Berlim.
Perante a pressão da comunidade internacional, Krenz pede ao porta voz do SED, que comunique a abertura da fronteira entre as duas partes da cidade.
O porta voz chamava-se Gunter Schabowsi.
Schabowski leva um papel no bolso, onde diz que as fronteiras seriam abertas na próxima segunda feira.
Durante a conferência de imprensa, o porta voz do SED faz referência a essa abertura, mas não se apercebe da data da mesma.
Tom Brokaw da NBC, pergunta…
“Mas a Fronteira vai abrir quando?”
Schabowski responde…
“Pelo que me foi transmitido…Imediatamente…”
Após ouvirem a notícia, milhares de Alemães de leste, precipitam-se para o posto de controle existente na Bornholmer Strasse, e começam a requerer vistos de saída.
O caos instala-se.
Os guardas fronteiriços ao inicio recusam, mas quando se apercebem da dimensão das solicitações, abrem a fronteira deixando toda a gente passar.
Os habitantes de Berlim Oeste, são surpreendidos por milhares de carros vindos da parte oriental da cidade e de repente instala-se uma festa apoteótica nas principais avenidas da parte ocidental de Berlim.
Começam a aparecer pessoas com picaretas e martelos, que se dirigem para o muro.
Em pouco tempo, a parte do muro de Berlim que ficava junta ás Portas de Brandenburgo é destruída.
Milhares de Berlinenses entram pela primeira vez na outra parte da cidade.
O resto é história.
Berlim renasceu unida em 1989.
Do muro, hoje pouco resta.
Existe no entanto uma faixa escura gravada nas ruas onde o muro passava.
Para que a memória dos homens não se apague.
Para que a princesa do Spree não volte a ser dividida.
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