Colheita da azeitona em Nisa

Os encantos na colheita manual da azeitona

Com a sua origem ancestral, a tradição da colheita manual da azeitona assegura que a qualidade do azeite se mantenha ao longo do tempo.

Há já muitos séculos que a colheita manual da azeitona marca um dos grandes símbolos do Alentejo.

Não se sabe ao certo quando começou a produzir-se azeite no Alentejo, mas a tradição nos países do Mediterrâneo é ancestral.

Foram os fenícios e, principalmente, os romanos que introduziram melhorias na plantação, enxertia e extração de azeite.

Escritos do historiador romano Estrabão referem-se ao Azeite do Alentejo como um produto de excelente qualidade, importado por Roma há 2000 anos.

É muito antiga a utilização de azeite como alimento, meio de iluminação ou como produto de referência para as práticas medicinais e higiénicas.

Tal como hoje, o azeite era uma das gorduras mais utilizadas, substituindo a manteiga, com utilização reduzida na cozinha.

No Alentejo é antiga a tradição de comer azeitonas em pão depois de temperadas com sal e orégãos.

O azeite também era utilizado como meio de pagamento de rendas.

A tradição da colheita manual da azeitona:

Em tempos, quem tinha oliveiras, teria sempre azeite para alimentar a sua família, mesmo que fosse um ano de pouca colheita, sempre se poupava para que chegasse para todos.

A entreajuda era muito notória, fazia com que todos conseguissem apanhar a azeitona.

Muitas das famílias que produziam azeite em maior quantidade tinham a sua fonte de rendimento assegurada.

A colheita manual da azeitona, feita por homens e mulheres, ocupava grande parte dos meses de Outubro a Janeiro.

Era uma ocasião de muito trabalho, mas também de convívio.

Os dias passados na apanha de azeitona eram autênticas aulas de saberes e sabores, fizesse sol ou chuva…

apanha manual azeitona com escadas
Oliveira carregada de azeitona

Começavam bem cedo, caminhava-se para o campo ou com sorte na carroça puxada por um burro.

O almoço era levado no cocho ou “canado”, e ali permanecia quente até à hora de almoço.

As iguarias, sempre alentejanas, acompanhadas de umas azeitonas retalhadas, sem se esquecer do pão que era amassado ao domingo, e que duraria toda a semana.

As árvores carregadas de azeitona bem preta, símbolo que se encontra sã, e que dará um excelente azeite…

Assim esperamos…

A colheita manual da azeitona, tal como o nome indica, é feita à mão.

Sim mesmo à mão…

Parece uma coisa muito antiga, mas é daí que se extrai o melhor azeite, e sobretudo não danifica a oliveira…

São colocados uns panais ou panos, debaixo da oliveira e são retirados os bagos para o chão…

Ramos de oliveira com azeitona
Limpeza dos excedentes da oliveira

Com a ajuda de escadas para se poder alcançar os ramos mais altos.

É colhida toda a oliveira, e no fim colocada numa saca para posteriormente ser limpa…

A limpeza da azeitona, é feita através de uma máquina que sopra as folhas.

Muito antes de existir máquinas, a azeitona era colocada num pano grande, depois ia sendo lançada ao ar e aí as folhas separavam-se da azeitona.

Existem diversas variedades de azeitona, sendo cada uma delas adequadas para a região e solos…

4 variedades de azeitona usadas no Alentejo

As quatro principais variedades tradicionais da região são a Galega, a Cordovil de Serpa, a Verdeal Alentejana e a Cobrançosa.

Galega

É a variedade mais difundida em Portugal, representando cerca de 80% da superfície de olival nacional.

Sendo uma árvore de porte médio, dá frutos de pequena dimensão e forma ovoidal, de grande resistência ao desprendimento.

Azeitona madura na árvore
O fruto bem maduro

O Azeite desta variedade, quando cultivada na região do Alentejo, apresenta diversas sensações.

Quando colhida em verde tem um frutado de maçã verde, com amargo e picante ligeiros; quando colhida maduro apresenta um frutado de amêndoa e frutos secos, com sensações de doce consideráveis e total ausência de amargo e picante.

É considerado um azeite de grande estabilidade.

Cobrançosa

Quando é produzido no Alentejo, o Azeite de Cobrançosa (variedade originária de Trás-os-Montes) apresenta-se normalmente como um azeite de sensações de amargo e picante consideráveis, com notas marcadas de erva verde, conjugadas com notas doces subtis.

A oliveira tem um porte médio-baixo, originando frutos de dimensão média, de fácil desprendimento sendo, no entanto, rara a sua queda natural.

Cordovil de Serpa

O Azeite extraído de azeitonas Cordovil é normalmente amargo e picante, com sensações intensas de verde folha.

É apreciado pelo elevado teor de ácido oleico.

As árvores da variedade Cordovil de Serpa são normalmente de porte médio-baixo e os seus frutos são de grande dimensão.

Sendo uma variedade rústica apresenta, no entanto, alguma sensibilidade ao frio e à seca.

Verdeal Alentejana

As árvores da variedade Verdeal têm porte médio e frutos de grande dimensão.

Trata-se de uma variedade com grande capacidade de adaptação, nomeadamente, a condições de frio ou de seca, pese embora a sua baixa capacidade de enraizamento.

Originando, normalmente, produções baixas e alternantes, a sua entrada em produção é tardia, tal como o amadurecimento dos seus frutos que, por manterem a cor verde até ao final da campanha, dão o nome a esta variedade.

O Azeite extraído desta variedade caracteriza-se por sensações consideráveis de verde, amargo e picante.

Sabe a diferença entre o Azeite Virgem e o Azeite Virgem Extra?

O Azeite é um produto 100% natural, obtido sem recurso a qualquer processo químico pode ser classificado em duas categorias:

Azeitona no panal
Azeitona bem madura para limpar

Azeite Virgem Extra – É um azeite de categoria superior, obtido diretamente de azeitonas sãs, unicamente por processos mecânicos.

É a mais nobre categoria, atribuída apenas a azeites irrepreensíveis, frutados e sem qualquer defeito sensorial.

Conferem o toque de excelência a pratos crus e cozinhados.

Azeite Virgem – É um azeite obtido diretamente de azeitonas, unicamente por processos mecânicos.

É um produto natural e saudável, sendo esta categoria atribuída a azeites de qualidade, isentos de defeitos sensoriais graves.

É ideal para uso culinário.

Curiosidade sobre o Azeite

Atualmente, Portugal é o sétimo produtor mundial de azeite e o quarto país exportador.

Em 2016, as vendas internacionais de azeite somaram os 434 milhões de euros e Brasil, Angola, Espanha e Itália foram os principais mercados de destino.

O azeite é o produto português mais exportado para o Brasil.

Temos com certeza o melhor azeite, pelo menos para nós é…

Vamos manter a tradição e a qualidade dos nossos azeites…

Quando temos os melhores produtos, não os podemos perder para fabricos industriais…

Iremos certamente ajudar para que algo tão nosso não se perca…

E agora vamos lá apanhar a azeitona…

Siga o álbum de fotografias que preparamos desta tradição:

Colheita manual azeitona nisa

Na sua região como se faz a colheita da azeitona?

Comente o artigo e conte-me tudo…

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Sofia
Sofia

Apaixonada por gastronomia portuguesa e viagem.
Adoro viajar pelos recantos mais escondidos de Portugal e provar as melhores iguarias portuguesas.

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Um comentário

  1. “Encantos da apanha da azeitona”…só se fôr para quem vê, porque quem tinha e nalgumas regiões ainda é feita, de encanto não tinha nada! Frio, Chuva, vento…Onde fica o encanto?

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