Bandeira desfraldada, no alto deste monte,
O meu olhar repousa na nuvem intervalada…
E a inquieta melodia irrompe e um quase nada
Responde aos pintassilgos na oliveira, defronte.
Sou todas essas coisas, na paz desse meio-sono,
Sem outros que não sejam os naturais ruídos;
Abanos de palmeiras trazendo-me, aos ouvidos,
A aragem que desliza num lânguido abandono
Tem o vigor das heras verdenhas, “variegadas”,
A verve, a frouxa luz de um céu esfarrapado
Por ser todas as coisas; de mim desencontrado,
Aberto aos campos largos se os sonhos me arrecadas.
A íntima virtude, o arrojo deste encanto
Que, no centro da alma, um sol já me incendeia.
Há prenúncios de mim na paz, poe esta aldeia,
E certezas enormes que vos descrevo…e tanto.
28 maio 16
11,16 h
Nestes vultos altivos, que salpicam de altura
Os arroubos da terra a deslizar para o vale,
A maré de arvoredo é de beleza pura
Para que o olhar escorregue e, no vai-vem, se embale.
Sou livre, porque escolho a minha solidão
A ter de estar convosco, corpos vazios de tudo.
Estou só, por nascer livre que à liberdade mudo
O nome, a temperança, o espírito… e a razão.
Casa 28 maio 16
11,55 h
Como podia eu passar pela vida incerta
Tocando-lhe, ao de leve, com a ponta dos dedos
Se nela naufraguei ressuscitando os medos…
Agora? Sou falésia junto à praia deserta.
Meus versos? As peugadas deixadas pela areia,
As que a maré da morte jamais há- de alisar
Que o ramerrão da alma é, ele sim, o mar
E esta paz do que sou… enorme lua cheia.
Casa
28 maio 16
12,10h