O governo apresentou há poucos dias o orçamento de estado de 2017…
Um orçamento de estado não é muito diferente de um orçamento familiar…
É uma previsão de receita e despesa….
Prevemos gastar X, tendo Y como receita…
Nas famílias esse orçamento é muito mais rígido e porventura mais bem elaborado do que o do estado…
Porquê?
Porque assenta em pressupostos concretos…
A família vai fazendo ajustes anuais em função do que recebe…
Porque sabe que se derrapar, no ultimo mês do ano pode pura e simplesmente não ter dinheiro para cumprir compromissos…
O estado é diferente…
Sob o manto protector de Berlim e Bruxelas, o governo Português pode apresentar défice…
Ou seja…O governo está legalmente autorizado pelos credores a gastar mais 2 por cento do que aquilo que recebe…
O orçamento de estado de 2017 é um orçamento de quem navega à vista…
O governo tem ao mesmo tempo que agradar à Europa e a partidos que odeiam essa Europa…
Isso traz um problema sério…
As reformas que o país precisa vão sendo adiadas sine die…
Portugal tem na sua estrutura económica o seu principal óbice…
Enquanto que nos países mais desenvolvidos, a indústria privada tem uma força gigantesca, em Portugal o estado assume muitas vezes o papel de impulsionador da economia…
É uma base errada de desenvolvimento…
Imaginemos o seguinte exemplo…
O governo para fazer descer a taxa de desemprego, decidia fazer um novo aeroporto e uma auto estrada que ligasse Vila Real de Santo António a Bragança…
O desemprego descia no imediato…
Mas a médio prazo as consequências seriam desastrosas…
Teríamos 2 novas infraestruturas que não nos faziam falta…
E no fim das obras, a dívida e o desemprego voltariam a aumentar…
No fundo Portugal é hoje um país mais próximo economicamente de um antigo integrante do bloco Soviético, do que de um país de mercado livre…
É hoje difícil pela legislação que temos e pela fiscalidade existente, atrair aquilo que é o cerne do desenvolvimento…
O investimento privado…
Como esse investimento é residual, o estado tem que ir buscar receita ao elo mais fraco…
Ao contribuinte…
Sob a forma de Impostos…
Directos ou indirectos…
Aí temos outro problema…
No meu entender o imposto directo é mais justo…
Mais racional…
Um pequeno exemplo…
A Contribuição Extraordinária de Solidariedade…
É mais lógico pedir 100 euros por mês a quem tem 5000 de reforma, do que aumentar a gasolina para toda a gente…
Porque o aumento da gasolina vai reflectir-se mais em quem ganha o salário mínimo do que em quem tem um salário alto…
Aumentando o fosso entre ricos e pobres…
Quando deveria ser o inverso…
Portugal enferma de um problema grave…
A falta de nacionalismo…
Os sucessivos governos tem como objectivo manter-se no poder o maior tempo possível…
Alimentando máquinas e clientelas partidárias…
Falta visão de estado…
A lei deveria punir quem lesasse o erário público…
Mas não…
Na quase totalidade das vezes o prevaricador não sofre nenhum tipo de sanção…
Isso dá-lhe uma sensação de protecção…
E é Portugal que sofre com essa excessiva protecção a quem prevarica…
Gostaria de um dia ter um salário mínimo em Portugal como o Luxemburgo tem…
Mas enquanto os políticos Portugueses não conseguirem ver para além do seu umbigo, esse desiderato será impossível…
E seremos um país constantemente adiado…
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