Sou português…
Se não fosse, seria outra coisa qualquer…
Mas sou português e gosto…
Sou filho de um país que já foi grande…
Imperial…
Que em 1494, através de um tratado conseguiu a proeza de dividir o mundo então conhecido em 2 partes iguais…
Uma para nós e outra para Castela…
O Império desfez-se…
Novas ideias surgiram e fizeram de Portugal um país pequeno…
Em tamanho…
Mas não em riqueza e diversidade culturais…
Somos porventura o país em que em tão pouco espaço físico, cabem tantas formas de vida e paisagens tão diversas…
Do Minho verdejante e alegre, ao soalheiro e cosmopolita Algarve, passando pela aridez do Alentejo ou pela paisagem agreste de Trás os Montes, Portugal é na sua limitação fronteiriça, uma miríade de paisagens e pessoas sublimes…
Cabem no mesmo espaço praias a perder de vista…
De Moledo a Monte Gordo, passando pela sublime Nazaré ou pelas praias da linha, encontram-se em Portugal provavelmente algumas das melhores praias do mundo…

Cidades mágicas onde ao longo dos séculos habitaram e combateram legiões Romanas…
Exércitos Cristãos…
Árabes Omiadas…
Onde nasceu o sonho dos Descobrimentos…
Onde se fizeram obras que abraçaram os mais diversos estilos arquitectónicos…
O Românico do Mosteiro de Alcobaça…
Onde Mestre Afonso Domingues jurou que a abobada não cairia…
Mas é mais que isso…

É a pátria de Raul Lino que desenhou a minha escola…
De Cassiano Branco…
Ou mais recentemente de Souto Moura e Siza Vieira…
Da linda e misteriosa cidade do Porto…
Da iluminada Lisboa…
De Guimarães cujo centro histórico pede meças a qualquer cidade do mundo…
De Braga com as suas tradições religiosas…
Portugal é na sua essência um país de valores…
Onde ao mesmo que se vibra com um golo da selecção, ou do clube da nossa simpatia, choramos a ouvir fado…
Concertinas Minhotas…
Ferros cravados ao estribo…
Por muito que tentem convencer-nos de que somos um país a viver um tempo novo, estas serão sempre as nossas raízes…
A nossa identidade enquanto povo…
Os campinos ribatejanos a cavalgarem na lezíria, enquanto saboreiam um torricado…

Somos e seremos sempre um povo sem igual…
Um país único na forma de sentir coisas tão simples, como sejam uma boa guitarrada ou rezar no Santuário de Fátima…
Se não fosse português seria outra coisa qualquer…
Mas não carregaria este orgulho de ter nascido onde nasceu Afonso Henriques…
Afonso de Albuquerque ou Pedro Álvares Cabral…
De Bartolomeu Dias e Gil Eanes…
Do país de onde saíram Gago Coutinho e Sacadura Cabral…

Dos barcos Rabelos que rasgam o Douro desde a Régua até ao Porto, para que possamos tranquilamente provar o néctar dos Deuses…
No meu coração bate um país…
Atravessado ao meio pela maravilhosa Estrada Nacional 2…
A nossa route 66…
No meu peito ardem a chama e o orgulho de ser português…
Acredito que enquanto país, voltaremos a ser grandes…
Sob pena de se cumprir a profecia de Fernando Pessoa…
“Quem te sagrou criou-te Português
Do mar e nós em ti nos deu sinal
Cumpriu-se o mar e o Império se desfez
Senhor falta cumprir-se Portugal”.
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António, quando volta a um concurso da TV? Bom fim de semana.