Celebram-se este ano os 100 anos das aparições de Fátima…
A vinda do Papa será eventualmente o ponto alto dessas mesmas celebrações…
Falar de Fátima, é sempre falar de uma das maiores demonstrações de fé existentes em Portugal e no mundo católico…
O comércio que se gerou à volta do fenómeno, pode ter desvirtuado a simplicidade da mensagem de Maria, mas continuo a acreditar que cerca de 90 por cento dos que se deslocam à Cova da Iria, o fazem na mais pura devoção…
Fátima acaba por ser um fenómeno quase místico…
Muitas pessoas juram ter visto o “Milagre do Sol” e mesmo com as actuais explicações científicas, o acontecimento ascendeu à categoria de “Milagre” e julgo que será assim definido até ao fim dos tempos…
A fé não se explica…
Ou se tem ou não se tem…
Durante o mês de Maio, milhares de pessoas irão percorrer a pé, os caminhos mais recônditos deste país, como se respondessem a um chamamento…
Já assisti a pessoas em choro convulsivo ao chegarem ao Santuário…
Como se estivessem a despejar toda uma tensão…
Mas fundamentalmente a deixar sair através das lágrimas um imenso agradecimento…
Toda a imensa quantidade de lojas que nasceram na localidade, fizeram de Fátima um centro comercial ao ar livre…
No entanto enquanto lugar de culto Mariano, continua a ser um sitio único…
Apaixonante…
Com episódios desconcertantes de demonstração de fé…
Este ano voltarei como peregrino…
Percorrerei os cerca de 100 quilómetros que me separam de Fátima, com a crença e a convicção de que sairei eventualmente mais forte e mais certo das minhas crenças religiosas…
Existe no entanto algo em mim que não me deixa concordar com tudo o que Fátima tem…
Alguma rebeldia…
Ao ver a nova Basílica e ao imaginar o dinheiro que ali foi gasto, não posso deixar de me perguntar…
Não existiria uma obra social, nas redondezas onde aquele dinheiro pudesse ser empregue, mitigando o sofrimento de quem mais sofre?
Ao ver o mega terço de Joana Vasconcelos, tenho que perguntar…
Qual o sentido de exibir um terço gigante, provavelmente pago a peso de ouro, quando aquele que os peregrinos apertam nas mãos, é seguramente o maior testemunho de fé e devoção?
Fátima enquanto lugar de culto, não pode proibir o comércio circundante…
Mas a igreja enquanto detentora do espaço, tem o dever de não exibir “Opulência” dentro do recinto…
Sob pena de transformar um lugar “sagrado”, numa exibição pura e desnecessária de riqueza…
E com isso desvirtuar aquilo que no fundo é Fátima…
Um lugar onde anualmente milhares de pessoas entram para agradecer algo…
Onde da mesma forma, outros tantos milhares entram em busca de perguntas que os ajudem a nortear a sua vida…
Saibamos fazer da Cova da Iria um lugar simples de culto…
Um lugar de comunhão com a mensagem que desde há 100 anos atrás, Maria nos deixou…
E que no fundo não passa de uma mensagem de esperança num mundo melhor…
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