O Mosteiro da Cartuxa, ou vulgarmente conhecido como Convento da Cartuxa em Évora.
Construído entre 1587 e 1598, pelo Arcebispo D. Teotónio, da Casa de Bragança.
Enriqueceu artísticamente a igreja no séc. XVII, D. Pedro II, com pórtico e fachada de mármore, admirada do exterior.
Já no séc. XVIII, D. João V, com retábulo de talha dourada; por isso esta igreja foi declarada monumento nacional em 1910.
A instauração da Ordem Cartuxa em Portugal deveu-se a D. Teotónio de Bragança (1530-1602)…
Sendo o Convento da Cartuxa em Évora dedicado à Virgem Maria, sob a denominação “Scala Coeli”, a Escada do Céu.
É aqui que os Monges Cartuxos levaram uma vida solitária de oração, desde 1598 ano que se instalaram em Évora.
Mas em 1834, os Cartuxos e todos os religiosos foram expulsos pelas forças revolucionárias.
O mosteiro passou para as mãos do Estado que o aproveitou para formar a Escola de agricultura (onde a monumental igreja serviu de celeiro…).
Em 1871, a família Eugénio de Almeida adquiriu as ruínas.
Nos meados do séc. XX o herdeiro, Vasco Maria, Conde de Villalva, decidiu restaurar o mosteiro, devolvendo-o à Ordem de São Bruno.
O mosteiro foi reconstruído em 1948, por Vasco Maria Eugénio de Almeida, bisneto de José Maria.
Devolvendo à Ordem Cartusiana, a qual o reabriu, de acordo com o modo de vida dos cartuxos, feito de “silêncio, oração e absoluta entrega a Deus”.
Hoje a Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli é considerada pelos eborenses como um dos seus tesouros, artístico e, ainda mais, espiritual.
Foram 7 os seus fundadores em 1587, e outros 7 os restauradores em 1960.
A reinstalação dos Monges Cartuxos data de 1960, a convite do Instituidor da Fundação que, com essa finalidade, instaurou profundas obras de reconstrução e restauro do edifício.
O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli ou Convento da Cartuxa, é propriedade da Fundação Eugénio de Almeida.
Local de oração e contemplação, única presença dos Monges Cartuxos em Portugal.
A partir de então, a vida cartusiana renasceu em Santa Maria Scala Coeli, aberta ao ingresso de novas vocações portuguesas.
Vizinho da Adega Cartuxa, com ela partilha uma atmosfera bucólica que convida à serenidade e ao recolhimento.
Os quatro monges que ali residiram, até há bem pouco tempo, de idades avançadas entre os 80 e 90 anos…
Mudaram-se para um outro mosteiro em Barcelona…
Mas a quando da nossa visita pelo Mosteiro da Cartuxa, tivemos a sorte de ver um monge Cartuxo…
Era hora de fechar as portas, de uma sala adjacente, onde permaneciam algumas cadeiras e pouco mais, aproveitamos para fotografar e filmar aquele majestoso lugar…
O silêncio que ali sentimos, apenas interrompido pelo som do vento…
Foi nesse preciso momento que filmava essa mesma sensação do vento e do silêncio puro, que uma porta se abre…
Parei de gravar não sei bem porquê…
Fiquei de tal modo espantada quando pela aquela porta saiu um monge, todo de branco.
E me cumprimentou dizendo boa tarde…
Só lhe respondi boa tarde.
Fiquei abismada a olhar para ele… não consegui dizer mais nada, nem apontar o telemóvel que segurava na minha mão para lhe tirar uma fotografia de recordação…
É aquela imagem que guardarei para sempre no meu pensamento…
Aquele monge de branco, com uns singelos sapatos castanhos velhos, que ali caminhou à minha frente….
Foi nos dias posteriores à nossa visita que os monges deixaram Évora…
Diz-se que a Cartuxa será ocupada por uma congregação feminina…
Ficaremos a aguardar, até que a Cartuxa fique novamente com vida, e que o sino volte a tocar…
O som do sino que sempre tocou há hora certa, era o sinal para os eborenses saberem que os cartuxos oravam por Nós.
Tal como os monges Cartuxos, também nós deixamos Évora…
Uma cidade museu, em que nos perdemos nesta história de cidade tão única…
Levamos a certeza que iremos voltar…
De verdade que trouxemos aquela imagem no coração…
E voltamos
Foi numa iniciativa da fundação Eugénio de Almeida, que pudemos visitar o mosteiro da Cartuxa por dentro…
Não podíamos perder esta oportunidade de conhecer aquele lugar magnífico…
Passei algum tempo a tentar fazer inscrição nas visitas guiadas, mas foi sempre em vão, uma vez que se encontravam praticamente sempre esgotadas.
Foi até ao dia que a fundação Eugénio de Almeida colocou o “Dia Aberto”, só nesse dia é que conseguimos visitar…
Ao chegarmos a fila era enorme, ultrapassava o portão e imensos carros a tentar estacionar.
Continuamos o caminho e aguardamos até à hora de almoço…
E que excelente ideia.
Eram 13h05 quando chegamos, já não havia ninguém, e as pessoas que ali estavam já se encontravam a sair…
Que sorte vamos poder fotografar sem ninguém a atrapalhar e podemos visitar com calma…
Iniciamos a visita pela igreja, com um altar em talha dourada que nos encanta devido à sua simplicidade, na verdade o maior pensamento é quão bela será aquela igreja…
Impressão de Fotografia
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A utilização das mais recentes tecnologias de impressão, permitem que seja possível imprimir fotografias com cores brilhantes, nítidas e altamente resistentes.
E é…
Mas uma beleza que vai de encontro ao lema de vida da ordem cartusiana simplicidade, pobreza e disciplina.
E durante toda a visita encontramos em todos os detalhes este mesmo lema de vida…
Devido a serem poucos monges na Cartuxa de Évora, as três orações diárias eram realizadas numa sala mais pequena.
O claustro de grandes dimensões local de passagem dos monges, dividido pelas celas individuais de cada um dos locais centrais do Mosteiro.
Local onde o silêncio impera…
Igrejas e mosteiros à muitos, Cartuxa há uma…
Todo aquele espaço exterior a que tivemos acesso, está repleto de laranjeiras, o verde da vegetação que nos leva para o centro onde encontramos um tanque…
O tanque também um elemento fundamental, é o equilíbrio entre a edificação e o natural.
Aqueles reflexos e o silêncio elevam-nos.
Impressão de Fotografia
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E o local mais apetecível e mais procurado é sem sombra de dúvidas as celas individuais.
Como viveriam os monges sempre fechados…
É para eles o abrigo do ermita, onde a chama cartusiana era acesa.
Curioso que todos os espaços individuais se interligavam entre a oração e o trabalho.
Materiais com as marcas da passagem dos anos e de uso.
Todas as celas estão divididas, na entrada o local onde fariam as refeições, um quarto singelo e uma sala com uma lareira e uma sala de oração.
Sendo que em todas as divisões era notória que a oração estava sempre presente.
Uma porta posterior dava acesso ao exterior onde se encontrava um jardim com algumas árvores e flores, e uma casa de banho, que apenas dispunha de sanita, lavatório e um balde preso com uma corda que serviria para tomar banho.
Simplicidade de vida e paz interior… o resumo que aquela cela me transmitiu.
Ao terminar a visita e não menos importante visitamos o cemitério, ou casa da eternidade nome por eles utilizado.
Está localizado ao canto do claustro grande, lugar de passagem diária dos monges, para relembrar que quando um monge morre é o encontro que trabalhou e esperou…
O encontro final com o criador.
Na morte a humildade e a simplicidade também são marcadas, são embrulhados num lençol cozido e apenas é colocada uma cruz sem nome demonstrando o anonimato.
A visita à Cartuxa de Évora é algo tão profundo e enriquecedor que ficarei em silêncio também.
Já dizia Miguel Torga “Quem visita a Cartuxa tem de meditar” …
Ut cor Ebora…. (Levamos Évora no coração).
Siga o álbum de fotografias que preparamos desta viagem riquíssima de conhecimento:
Já conhece o Convento da Cartuxa?
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